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ZH: Por que faz sentido colocar grãos de inverno à mesa da produção animal
Painel realizado durante a Expoagro Cotricampo, em Campo Novo, discutiu a busca por alternativas para compor a ração de aves, suínos e bovinos
23/02/24
Uma questão de sustentabilidade. É assim que Éverton Krabbe, chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves, resume o uso de cereais de inverno no cardápio da produção animal.
A busca por alternativas que pudessem compor a ração de aves, suínos e bovinos foi reforçada por recente conjuntura no Estado. Com uma sequência de estiagens que afetaram o volume e a qualidade da produção de milho, ter alternativas passou a ser uma questão de sobrevivência no segmento de carnes e leite.
Farelo de soja e milho são ingredientes de uso consolidado na dieta dos animais nessas atividades. Com a demanda aberta pelo encarecimento dos grãos, uma das principais questões era a equivalência nutricional dos cereais de inverno. Para a pergunta “é possível produzir aves, suínos e ovos sem milho?” a resposta dada pela pesquisa foi “sim”.
— É possível. Ter uma outro fonte é absolutamente importante — disse Krabbe, que participou nesta quinta-feira (22) do Campo em Debate sobre o tema, realizado na Expoagro Cotricampo, em Campo Novo.
A importância que ele menciona tem relação com o peso do item nos custos de produção: três quartos no caso dos suínos e 68% nas aves. Um estudo feito em parceria entre Embrapa e associados da Cotricampo mostrou resultados positivos no uso dos cereais de inverno como opção para a alimentação de animais.
— Temos muito mais opções do que só o milho, a soja. Precisamos aproveitar a janela de oportunidade — reforçou Cleiton Wantz, produtor rural, empresário e associado.
Na propriedade que toca com a família, o uso de trigo e triticale tem sido uma realidade desde 2022. Com rebanho de vacas jersey que produzem leite para abastecer a indústria própria, a LatPassos, ele aponta a redução de custos como um dos benefícios da mudança. A conversão do alimento em produção, também.
— As cooperativas vêm trabalhando forte para otimizar as áreas de produção no inverno. Tem alternativa, precisamos buscar uma renda, precisamos acreditar — diz Adriano Borghetti, vice-presidente da FecoAgro-RS.
Assim como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina enfrenta o desafio de lidar com o déficit entre produção e demanda de milho. Diretor de Cooperativismo e Desenvolvimento Rural da Secretaria de Agricultura de SC, Léo Kroth falou sobre iniciativas no Estado vizinho para incentivar a produção de inverno.
— Santa Catarina teve um déficit de 5,24 milhões de toneladas de milho (em 2023) e esse milho tem de vir pelo asfalto — argumentou, sobre a necessidade de comprar o grão fora.
Em condições climáticas, o próximo inverno no RS traz perspectivas de normalidade, pontuou Flávio Varone, coordenador do Simagro da Secretaria da Agricultura. A possibilidade de um La Niña, que costuma trazer pouca chuva, existe, mas mais para o segundo semestre.
Fonte: GZH
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