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Serviço Veterinário Oficial do RS: fundamental na conquista do certificado de zona livre de aftosa sem vacinação

E continua sendo peça-chave para garantir os benefícios desse novo status sanitário aos pecuaristas

27/05/25

Desde que o Rio Grande do Sul conquistou o status de zona livre de aftosa sem vacinação, em maio de 2021, a criadora de bovinos das raças Angus e Brangus de Bagé e Cacequi, Antonia Scalzilli, passou a ter acesso a mercados mais exigentes e à exportação com maior valor agregado, aumentando a competitividade da carne gaúcha. “E o Serviço Veterinário Oficial (SVO) do Estado não apenas viabilizou a certificação, mas continua sendo peça-chave para garantir os benefícios desse novo status sanitário aos pecuaristas, protegendo investimentos, ampliando mercados e assegurando a sustentabilidade da pecuária gaúcha no longo prazo”, afirma.

A produtora cria animais Angus na Estância do Retiro, em Cacequi, e animais Brangus, na Estância do Salso, em Bagé. “As propriedades estão na família há várias gerações. Nosso foco é em cria, venda de terneiros. E com o novo status, tivemos um grande avanço em sanidade animal e o reconhecimento internacional desta certificação”, conta Antonia. “O Rio Grande do Sul, livre de aftosa sem vacinação, com a implementação da rastreabilidade, a qualidade de carne (temos sólida genética de raças britânicas), sustentabilidade e práticas de bem-estar animal, tem tudo para acessar os melhores mercados internacionais. O que precisamos fazer é comunicar e fazer o mundo saber quem nós somos e como nós produzimos”, acredita.

A coordenadora do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA-RS) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e médica veterinária, Grazziane Rigon, explica que o SVO, no Rio Grande do Sul, é representado pelo Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal (DDA/Seapi), com atuação na defesa sanitária e inspeção de produtos de origem animal. É formado por médicos veterinários, técnicos agrícolas, auxiliares, entre outros profissionais .

“Desde a retirada da vacinação, em 2020, temos intensificado as ações preventivas, através do nosso sistema de vigilância, focando em realizar ações principalmente em áreas identificadas como de maior risco sanitário”, esclarece Grazziane. “Ou seja, unidades veterinárias em locais de maior atenção recebem mais metas para visita a propriedades e barreiras de trânsito. Essas metas são definidas semestralmente, por meio de ordem de serviço”.

Segundo a médica veterinária, entre as ações de mitigação de risco para a febre aftosa está a implementação do Programa Sentinela, que foi criado para reforçar as ações em fronteira.

Grazziane destaca que, de 2020 a 2024, o SVO realizou, em propriedades, 41 mil fiscalizações. “Foram inspecionados dois milhões de bovinos, 366 mil pequenos ruminantes como caprinos (bodes e cabras) e ovinos (carneiros e ovelhas) e sete milhões de suínos”. Segundo ela, também foram executadas, nesse período, 4.610 barreiras de trânsito em rodovias estaduais e federais, e abordados 35 mil veículos. “Foram inspecionados 124.010 suínos e apreendidos 46; 56.605 bovinos e 540 apreendidos; 4.381 ovinos, sendo apreendidos 105; 163 bubalinos, apreendidos 33; e 28 caprinos inspecionados, sem apreensão alguma”.

Além disso, conforme Grazziane, “o Serviço Veterinário Oficial também atende a todas as notificações de suspeitas, de forma rápida e eficiente, com realização de colheita de material e envio para diagnóstico ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais, quando a suspeita é fundamentada”. De 2020 a 2025 foram realizadas 80 ocorrências, sendo cinco em 2025.

Outras ações de vigilância à febre aftosa são as fiscalizações a eventos com aglomeração de animais suscetíveis (bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos). “Sendo obrigatório o acompanhamento do SVO ou de médico veterinário habilitado para 100% dos eventos com suscetíveis”, pontua a médica veterinária.

“A inspeção em abatedouros também faz parte do sistema de vigilância, ainda que seja uma vigilância mais tardia, pois o ideal é encontrar o quanto antes a doença, mas caso passe despercebida, é realizada inspeção ante e post mortem para verificação de possíveis sinais compatíveis”, salienta Grazziane.

Ela diz ainda que a educação sanitária junto a produtores e demais envolvidos da cadeia produtiva também é feita de forma rotineira, para manter a população sensibilizada quanto à sintomatologia e a importância da rápida notificação.

“Nosso trabalho é essencial para contribuir com a manutenção da condição sanitária de estado livre de febre aftosa sem vacinação. Atuamos na prevenção, por meio da vigilância ativa e passiva, monitorando o rebanho, realizando educação sanitária junto à cadeia produtiva, investigando qualquer suspeita e garantindo resposta rápida”, conclui Grazziane.

Dados do Programa Sentinela

De 2020 a 2024, foram realizadas 152 operações no Programa Sentinela, instituído em julho de 2020 como uma ferramenta em substituição à vacinação para febre aftosa, com o objetivo de intensificar as atividades de saúde animal na zona de fronteira internacional com o Uruguai e a Argentina.

Foram feitas 1.173 barreiras; vistoriados 6.143 veículos; percorridos 216,06 mil quilômetros; fiscalizadas 958 propriedades; inspecionados 104.056 bovinos, sendo abatidos sanitariamente 698; aplicadas 4,80 milhões de multas; fiscalizados 11.592 ovinos, 9.705 suínos, mais de duas mil toneladas de produtos cárneos e mais de sete mil toneladas de produtos lácteos.

Fronteira com o Uruguai

O fiscal estadual agropecuário lotado na Inspetoria de Defesa Agropecuária (IDA) Santana do Livramento e membro do grupo técnico do PNEFA-RS, Aurélio Maia Vieira, diz que, nesses cinco anos de retirada da vacinação contra a febre aftosa, foram intensificadas as atividades de vigilância ativa na região, por fazer fronteira seca com o Uruguai, com uma extensão de cerca de 240 quilômetros.

Segundo Vieira, foram fiscalizados rebanhos de 555.912 bovídeos, 288.556 ovinos e 739 suínos, em aproximadamente 2.914 propriedades ativas. Desde então, baseado em estudos sobre a introdução e a disseminação do vírus da febre aftosa por análise multicritério, o Plano de Vigilância Baseada em Risco prevê metas de atividades de mitigação e um maior contato com produtores através de atividades de educação sanitária, buscando um maior engajamento do produtor e o entendimento da sua importância no processo de vigilância. “O objetivo é obter um melhor planejamento das atividades de forma que a resposta do SVO frente a um possível evento sanitário seja mais ágil e assertiva”.

Vieira relembra que, durante este período, pós-retirada da vacina, foram realizadas pela IDA Santana do Livramento fiscalizações em 567 propriedades, sendo de 49 mil bovinos, 104 mil ovinos e 562 suínos. E um total de 62 barreiras de trânsito, fixas e volantes, onde foram inspecionados 290 veículos.

De acordo com o médico veterinário, além das atividades previstas no Plano de Vigilância Baseada em Risco, foi criado o Programa Sentinela, importante na fiscalização de propriedades e controle de trânsito na fronteira com o Uruguai e Argentina. “Neste período conquistamos novos mercados internacionais para nossos produtos e também viabilizamos o mercado na transferência de genética para Santa Catarina”, destaca Vieira.

“Todas essas conquistas foram realizadas com um trabalho de alto nível feito pelo nosso Serviço Veterinário Oficial do Estado, através de seu corpo técnico (fiscais agropecuários, técnicos agrícolas, administrativos e auxiliares rurais), que incansavelmente se dedicam à Defesa Sanitária Animal, como forma de garantir a certificação dos nossos produtos e manter a saúde dos nossos rebanhos, juntamente com os produtores e as cadeias produtivas”, relata Vieira com satisfação.

“Para mim, fazer parte dessa equipe significa o resultado de um trabalho que vem sendo realizado há anos com muita dedicação e responsabilidade. Eu me sinto orgulhoso e satisfeito em estar contribuindo para a garantia e o controle da sanidade dos nossos rebanhos”, finalizou Vieira.

Para a diretora do DDA da Seapi, Rosane Collares, o reconhecimento como área livre de febre aftosa sem vacinação, de um país ou de uma área, é o resultado de todas as ações de defesa que são executadas ao longo dos anos. “A conquista reflete que é um sistema de defesa sanitária animal que está sendo avaliado e validado. Então, como gestores desse sistema no Rio Grande do Sul, nós entendemos que essa certificação, além de todos os benefícios comerciais, reflete o comprometimento e a qualidade do serviço de defesa sanitária animal aqui no Estado”.

Texto: Seapi

Foto: Divulgação/Seapi


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