Notícias

Prevenção é chave para manter longe a febre aftosa

Hoje, completam-se quatro anos da certificação do Rio Grande do Sul, pela OMSA, de status de zona livre da doença sem vacinação

27/05/25

O dia 27 de maio é um marco para a pecuária do Rio Grande do Sul desde 2021. Nesta data, o Estado recebia da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) o certificado de zona livre de febre aftosa sem vacinação, uma conquista construída pelos serviços oficiais de sanidade animal e pelo empenho dos produtores.

Sem o registro de casos da doença considerada muito grave entre bovídeos desde 2001, a aparente tranquilidade trazida pela certificação à atividade não se reflete entre os agentes públicos. O temor que afeta os servidores que trabalham na seguridade do rebanho gaúcho é justamente o que poderia ser um bom sinal para leigos: o baixo número de notificações de suspeita de ocorrência da febre aftosa.

“Medimos o quanto a população está sensibilizada em relação à doença pelos números de notificações de suspeitas. Ou seja, quando o produtor verifica algum animal no campo com uma sintomatologia compatível e nos notifica. E hoje o que vemos é que há um silêncio muito grande de notificação”, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PNEFA-RS) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), Grazziane Rigon.

De acordo com a veterinária, são cerca de duas dezenas de notificações por ano, um número reduzido demais diante de um rebanho de cerca de 11 milhões de animais de casco bipartido no Estado, distribuídos em aproximadamente 280 mil estabelecimentos.

“Não conseguimos medir se o produtor sabe, por exemplo, reconhecer os sintomas. Pode haver algum animal mancando, algum animal salivando, mas ele não enxerga aquilo como um risco. A doença está distante há muito tempo e, com isso, os produtores não se sentem em perigo”, acrescenta Grazziane.

A médica veterinária acredita que o Estado se encontra tão preparado para reagir à febre aftosa quanto demonstrou estar capacitado para enfrentar a gripe aviária, no recente episódio de Montenegro, no Vale do Caí, ou a doença de Newcastle, em julho do ano passado, em Anta Gorda, no Vale do Taquari. 

Produtor deve reconhecer sinais no rebanho

A veterinária Grazziane Rigon explica que a rapidez da resposta a um eventual caso de febre aftosa no Rio Grande do Sul depende, antes de tudo, do alerta do produtor.

“Se o produtor levar 30 dias, 60 dias para comunicar, é provável que a doença se espalhe muito rápido”, adverte. “Não estamos sete dias por semana, 24 horas por dia nas propriedades, mas o produtor está ali, de fato, com seus animais. É um elo importante na prevenção”, diz Grazziane.

A servidora destaca que, de 2020 a 2024, o Serviço Veterinário Oficial (representado no Estado pela Seapi) realizou 41 mil fiscalizações em propriedades rurais. “Foram inspecionados dois milhões de bovinos, 366 mil pequenos ruminantes como caprinos (bodes e cabras) e ovinos (carneiros e ovelhas) e sete milhões de suínos”, contabiliza.

Segundo ela, também foram executadas, nesse período, 4.610 barreiras de trânsito em rodovias estaduais e federais, e abordados 35 mil veículos. “Foram inspecionados 124.010 suínos e apreendidos 46; 56.605 bovinos e 540 apreendidos; 4.381 ovinos, sendo apreendidos 105; 163 bubalinos, apreendidos 33; e 28 caprinos inspecionados, sem apreensão alguma”, informa.

Entre as ações de mitigação de risco para a febre aftosa está a implementação do Programa Sentinela, criado para reforçar o controle em zonas de fronteira, com Uruguai e Argentina. De 2020 a 2024, foram realizadas 152 operações no Programa Sentinela, instituído em julho de 2020 como uma ferramenta em substituição à vacinação para febre aftosa.

Texto: Jornal do Comércio


Voltar para notícias

    Entidades constituintes

    • Sips
    • Asgav
    • Sipargs
    • Sindilat
    • Farsul
    • Fetag