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Investimento privado moderniza estrutura de controle sanitário animal no RS
Fundesa pulveriza aportes que vão além de melhorias nas inspetorias veterinárias
14/01/21
Fonte: Jornal do Comércio
Mantido exclusivamente com recursos do setor privado, o Fundo de Desenvolvimento de Defesa Sanitária Animal (Fundesa) gerencia hoje quase R$ 100 milhões em recursos e, com diferentes aportes no setor público, fez os controles oficiais na área darem um salto nos últimos anos. Além de não contar com nenhuma verba púbica, a entidade investe em melhorias nas inspetorias veterinárias estaduais e em ações que vão muito além de focar na retirada da vacina contra a febre aftosa.
Amanhã, a instituição fará sua assembleia geral e apresentação do balanço de 2020, cujas ações se avolumaram significativamente. Ver o anúncio de um novo status sanitário para o Rio Grande do Sul por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), o que pode ocorrer em maio, é a expectativa para 2021, diz o presidente do fundo, Rogério Kerber. Mas o trabalho nunca se limitou a isto, destaca o executivo. Ainda que boa parte dos investimentos feitos pelo Fundesa em 2020 tenham sido com essa finalidade, as ações no setor de pecuária de leite, suínos e aves não pararam. Apenas para estimular a substituição de vacas com brucelose e tuberculose por animais saudáveis, o que exige investimento dos pecuaristas, o fundo liberou, em indenizações, R$ 6,7 milhões no ano passado.
Basicamente, o Fundesa compensa parte da perda do produtor com o abate do animal doente, evitando e reduzindo as contaminações no rebanho gaúcho e estimulando a ação sanitária. “As indenizações no setor leiteiro minimizam a perda do produtor com o abate, e estimula ele a fazê-lo, inclusive. O valor de um animal doente é zero, mas indenizamos o produtor para que não deixe de fazê-lo. Até porque ele mesmo é prejudicado em seu rebanho e produtividade com uma animal contaminado”, explica Kerber. Os recursos gerenciados pelo Fundesa têm origem em valores pagos por produtores e indústrias em contribuições sobre a produção, seja ela carne (bovina, suína ou de aves), leite ou ovos.
Esses valores são calculados a partir de frações da Unidade Padrão Fiscal (UPF) do Estado. No caso de abate de um bovino, por exemplo, o produtor paga R$ 0,56 e a indústria recolhe o mesmo valor, totalizando R$ 1,12 por cabeça abatida recolhido ao fundo.
Tecnologia também é foco de atuação do fundo
A tecnologia é outro foco de investimentos constantes e crescentes, diz o presidente do Fundesa. Em 2020 foi renovado convênio com a Universidade da Carolina do Norte, dos Estados Unidos, para uso de um sistema informatizado diferenciado de controle de trânsito de animais, em valor próximo de R$ 600 mil. Rogério Kerber explica que o sistema cruza dados das Guias de Trânsito Animal (GTA) por propriedade, indicando aquelas que têm o maior volume de movimentação no rebanho (entrada e saída da propriedade). O que, segundo Kerber, naturalmente as torna mais propensas à disseminação de doenças, especialmente nas regiões de fronteira com Uruguai e Argentina. “São milhares de GTAs emitidas todos os anos e isso não seria possível com um software qualquer ou com um simples Excel.
O processamento destes dados torna o controle e fiscalização mais preciso e dirigido. Com isso, o serviço oficial tem uma ferramenta que ajuda a identificar e mitigar riscos”, explica Kerber. Nas áreas avícola e de suínos, outro convênio, no valor de cerca de R$ 500 mil com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), está gerando uma certificação ágil de controles sanitários dos criatórios gaúchos. Ao reunir digitalmente e disponibilizar rapidamente dados de aviá rios a qualquer interessado, além de melhorar os controles sanitários ainda se terá um diferencial para apresentar em missões internacionais em busca de mercado para a proteína animal brasileira. “O trabalho com a UFSM também inclui um controle preciso de estoques das inspetorias veterinárias gaúchas, apontando onde pode ter produto vencendo ou em falta, evitando problemas imprevistos em caso de uma emergência sanitária”, detalha Kerber.
O executivo estima que, em 15 anos, o Fundesa já tenha investido quase R$ 22 milhões para melhorar o sistema de controle e fiscalização animal no Rio Grande do Sul. “Isso não começou agora, mas se acelerou nos últimos anos, lá atrás, quando se decidiu informatizar as inspetorias veterinárias comprando computadores e impressoras, porque nem isso se tinha. Tudo era feito em fichas de papel. Com os investimentos que fizemos, sistema conta com cada vez mais tecnologia e asseguro que entramos em outra era”, completa Kerber.
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